Contos de um Arqueiro Auxiliar Romano - Parte 4

                 -Para o rio homens! Para o rio!- berrava o General César vestindo a capa vermelha, cujo significado era conhecido por todos. Ele se uniria às tropas.
                 Gartus seguiu a linha de arqueiros em movimento sobre a muralha. O vento atingiu seu rosto ao alvorecer, como se os próprios raios solares o estivessem enviando. Vislumbrou o inimigo.
                 Vercingetórix poderia ser um tolo de enfrentar a República Romana, pensou Gartus, ainda assim,   com o retorno de seus quarenta mil cavaleiros e do esforço conjunto de todas as tribos da Gália - totalizando 200.000 homens cercando a muralha externa e 50.000 ainda circunvalados por duas muralhas de César - era de se compreender a arrogância do Rei Gaulês.
                 Gartus se alinhou ao lado dos irmãos de armas. Colocou uma flecha no arco e o retesou. Mirar contra o número colossal de soldados que gritavam e arremetiam aríetes contra as barreiras, não era um trabalho difícil. Bastava apontá-la para o centro da multidão e esperar que os números fizessem efeito.
                A ordem veio.
                As penas da flecha passaram triscando sobre o punho esquerdo e sustentaram a haste pontuda de madeira e ferro até que atingisse o ombro de um gaulês. Mal acertara o alvo, uma segunda flecha de Gartus voava em direção a qualquer outro desatento.
               Os músculos ávidos do braço direito retesaram outra flecha. Gartus deixou-a cair do arco quando, por puro reflexo, se abaixou tentando esquivar-se de uma lança arremetida contra si.
               -Cavalaria comigo! - vociferou César em seu garanhão negro, com General Marco Antônio sempre ao lado.
               Um forte estrondo de madeira rachando ecoou do oeste quando, apesar das grandes baixas, do fosso abarrotado de sarissas, e das balistas sobre a amurada, os gauleses adentraram as muralhas.

Naval Duties

                 Olá a todos.
                 Devido a nessidade de recentes estudos na área naval para escrita do segundo livro da saga "Morfangnor", estarei demorando mais tempo do que o costumeiro para postar a parte 4 do "Contos de um Arqueiro Auxiliar Romano".
                 Enquanto isso, aqui estão algumas imagens navais interessantes:

Galeão Espanhol
Trafalgar - em destaque o HMS Victory - navio do Almirante Horácio Nelson
Navio Pirata em tormenta

Contos de um Arqueiro Auxiliar Romano - Parte 3

                Gartus se sentou à mesa em sua humilde residência. O peso de seus sessenta anos causando desconforto em cada uma das juntas desgastadas pelos anos de servidão a César. Viu pelas frestas da janela de madeira os últimos flocos de neve caírem, ante a iminente primavera. Recordou-se do passado e das esperanças que detinha sobre a campanha da Gália e sua duração. Os dois primeiros anos de marcha e súbitos ataques noturnos poderiam ser considerados uma dádiva em contrapartida aos últimos dois dentre oito anos da campanha. O Cerco de Alésia jamais sucumbiria ao tempo.

                 -Para a muralha!- vociferou um centurião anônimo ao ouvir o toque do corneteiro.
                 Gritos ordenados de homens endurecidos por décadas de luta geraram ordem no caos noturno.
                Gartus disparou escadaria acima e assumiu posição no primeiro local que encontrou. O uniforme vermelho com tiras de couro, sujo e amarrotado, mal se movia quando atingido pelo vento que, por sua vez, ao adentrar o espaçamento entre o elmo e o couro de sua cabeça, sibilava em uma tonalidade aguda e irritante.
                 O arqueiro fitou a fortaleza sobre o morro. Seus grandes e imponentes portões estavam abertos, através dos quais uma força gigantesca de cavalaria não estava presente. Gartus pegou uma tocha num dos muitos postos avançados dispostos sobre a muralha e atirou-a sobre a amurada, procurando qualquer sinal de ataque inimigo. 
             -Eles fugiram? - perguntou um outro Auxilia para qualquer um ao alcance da voz.
             -Eles estão cercados. Não há como fugir. - contrariou um legionário apoiado em um de seus Pilum, como se este fosse um cajado.
             -O rio. - sugeriu um outro.
             -Não. O rio tem muita correnteza para cavalaria. Em especial à noite.
           -Quarenta mil cavaleiros não fogem de uma batalha sem um bom motivo. - afirmou Gartus sem se importar com respostas.
             -O General César é um bom motivo. - afirmou o mesmo legionário que falara antes, gerando júbilos ao nome de César de todos ao redor.
             
             O Sol subiu pela manhã e, com ele, uma nova muralha romana.

Latest Update

Desculpem a ausência nos últimos dias, estive isolado sem conexão e só pude regressar agora a escrever.

Updates de Morfangnor:

Consegui finalmente desenvolver um sistema que torne uma das cidades fantásticas do segundo livro viável em questões físicas.

Histórias do 3º livro e 6º livro já definidas em detalhes específicos.

2º Livro adiantado na produção.

Contos de um Arqueiro Auxiliar Romano - Parte 2

                "Gauleses!" - ouviu o terceiro centurião da quarta coorte da legião X berrar sobre os vultos originários da fumaça das fogueiras. Como fizera tantas outras vezes naquele mesmo ano, tomou o arco em mãos, prendeu a aljava às costas e se reuniu aos Auxilia.
               Ouviu o sangue martelar junto aos ouvidos. Acostumara-se a isso ante batalhas iminentes, de forma que aquele poderia ser considerado um ritual de preparação.
                Um cavalo de pelagem negra cinilante recoberto em um manto vermelho passou cavalgando à toda velocidade por entre as colunas que começavam a tomar forma de um exército. A fina névoa impedia que se avistasse algo mais distante, contudo Gartus sabia que a cavalaria estaria se agrupando em algum lugar ali perto. O odor era inconfundível.
                   O cavalo do General Gaius voltou com seu cavaleiro em um trote elevado. Logo atrás, General Antônio o acompanhava xingando a Gália e todos os habitantes que a compunham, ao passo que alguns metros atrás um corneteiro tocava a toada de dissolução da formação.
                   Mais palavrões. Dessa vez vindos dos bravos da Décima que, por sua vez, amaldiçoavam não os gauleses, mas sua posição na extremidade do agrupamento de legiões, e pelo azar de terem de dividir terreno com os auxiliares.
                 Gartus se deitou apoiando a cabeça sobre os braços cruzados. Dormiu pensando no Tártaro que seria enfrentar Vercingetórix. O velho rei estava ficando acuado e não tardaria ao General Gaius derrotá-lo em campo. Ao menos, esperava que não.

Contos de um Arqueiro Auxiliar Romano - Parte 1

          As noites do gélido inverno gaulês o faziam tremer. Um frio nada superficial que diversas vezes sentira até mesmo nos ossos. Dores lancinantes de antigas juntas feridas em batalhas por espada, flecha ou pedra voltavam à tona naquele período ingrato do ano. Olhou outra vez para os pés, buscando algum conforto debaixo da pele de ovelha que roubara de um pastor em seu tempo na Hispânia.
        O tempo de servidão no exército romano não tardaria a encontrar seu fim. Logo poderia se entitular "Romano", assim como seu vizinho Falco fizera antes dele. Era bem verdade que Falco morrera um ano após receber sua recompensa, contudo esse único ano valera por uma vida inteira. Tinha certeza.
          Mas até lá, serviria ao General Gaius, onde quer que este estivesse.
          Uma pedra atirada por um legionário próxima a seus pés o despertou do transe.
          "Vá pegar água!" - ouviu o leginário ordenar. Levantou-se e pegou o balde de madeira perfurado por uma flecha que ainda jazia rachada em sua lateral. Os passos lentos comandados pelo frio incessante o carregaram ao lamaçal de um poço artesanal escavado às pressas. O balde baixou, encheu e subiu vazando pela rachadura. Gartus tapou-a com a ponta do indicador e correu às pressas de volta à segurança do acampamento apenas para em seguida ser enxotado como a um cão sarnento. Talvez até menos do que isso. Por vezes vira cães - mesmo os sarnentos - receberem ossos de refeições devoradas. Não ele, nem seus companheiros da Auxilia. Para os legionários, eles não eram nada.
            A trombeta de alarme soou.

Segundo livro em produção...

Ainda no aguardo de uma resposta, dei início à escrita do segundo livro da série.

Tendo em vista o final do primeiro livro, decidi que era o momento de ampliar os horizontes e contar a história com os detalhes que ela merece.

Por quê?

Porque há espaço para isto. O mundo do livro é extenso e, portanto, merecedor de uma história extensa, que detalhe cada instante sem tornar o livro exaustivo e ainda assim permanecer digno dos leitores de Tolkien e Martin.

Sem Spoilers...

Sem spoilers, posso dizer que o segundo livro da saga (já nomeado, entretanto citarei seu nome apenas após a assinatura de um contrato com alguma das editoras) é mais longo que o primeiro, e introduz dezenas de outros personagens apenas mencionados no primeiro livro e outros não mencionados. Um novo horizonte se abre em Morfangnor e assim uma nova história surge.

Espero que em breve todos possam lê-la.

A Era dos Demônios se inicia...

Com o fim do ano chegando, venho a afirmar pela primeira vez sobre a publicação de meu primeiro livro. Morfangnor - A Era dos Demônios, o primeiro livro da saga. Após o envio para várias editoras, estou no aguardo de uma resposta que creio chegaar em breve.

O primeiro livro da série retrata uma história que, à princípio, pode parecer clichê, uma vez que tudo o que é relacionado com magia e medievalidade nos dias presentes é atribuído à cópias fajutas de O Senhor dos Anéis. Admito que, de fato, sou um grande fã de Tolkien, assim como de George R. R. Martin, todavia Morfangnor - A Era dos Demônios pode ser considerado o limiar entre esses grandes autores.

Como assim? Já me perguntaram. Eis a resposta:

O Senhor dos Anéis é uma história linear. É claramente definido quem são os heróis e quem são os vilões, exceto senão por Gollum (ou Smeágol), que une vilão e herói em um único personagem.

Por outro lado...

Crônicas de Gelo e Fogo (Série do Game of Thrones) é uma história sem qualquer linearidade na qual o autor busca dúzias de perspectivas para contar uma história onde o foco especificamente é a trama, e não as batalhas, como é o caso de o Senhor dos Anéis, o que, muitas vezes torna o leitor àvido pela espera de uma batalha que não vem a acontecer. (O que pode ser decepcionante se você também é um leitor que gosta de ação).

Então por que Morfangnor é o meio termo?

Porque apesar de seguir uma certa linearidade, esta é utilizada apenas para guiar o rumo da história e não restringí-la a fatos específicos. Lembrando-se sempre que a trama mutável pode mudar a perspectiva de um personagem de uma hora para outra sem qualquer motivo aparente.

O que esperar de Morfangnor?

Espere um livro onde não há restrições quanto à magia e ação. Um livro onde qualquer um pode se tornar o inesperado e, portanto, um livro onde a história não exatamente será definida pelo protagonista, onde descrições acuradas de trama e guerra se unam sob a única perspectiva de se ler um livro como nenhum outro jamais escrito.

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